Cerca de 3.800 crianças cruzaram selva panamenha sozinhas rumo aos EUA em 2024, um recorde

Cerca de 3.800 crianças cruzaram selva panamenha sozinhas rumo aos EUA em 2024, um recorde
Floresta do Darién é um dos principais caminhos para que sul-americanos consigam chegar aos EUA. Crianças são expostas a diversos tipos de violência durante a travessia, segundo Unicef. Migrante atravessa rio com criança no colo na floresta de Darién, no Panamá, em setembro de 2023
Luis Acosta/AFP
Pelo menos 3.800 crianças migrantes cruzaram sozinhas este ano a inóspita selva do Darién, no Panamá, rumo aos Estados Unidos. O número que supera todos os registros anteriores, alertou o Unicef nesta quinta-feira (5).
Esse aumento ocorre apesar da redução considerável no número total de migrantes que atravessaram a região, segundo dados oficiais do governo panamenho.
"Nos primeiros dez meses do ano, 3.800 crianças e adolescentes desacompanhados ou separados atravessaram a perigosa selva do Darién, entre a Colômbia e o Panamá, enquanto o total registrado ao longo de todo o ano de 2023 não chegou a 3.300", destacou o Unicef em um comunicado.
De acordo com o Sistema Nacional de Migração do Panamá, 61.154 crianças cruzaram a floresta nos primeiros dez meses de 2024, sem especificar se estavam acompanhadas ou não.
O Darién se tornou um corredor migratório para aqueles que, partindo da América do Sul, tentam chegar aos Estados Unidos.
Em 2023, mais de meio milhão de pessoas atravessaram a região, conhecida pela presença de grupos criminosos e animais perigosos. Até o momento, em 2024, pelo menos 286.000 migrantes fizeram essa travessia.
A maioria é de origem venezuelana, embora também haja um número significativo de colombianos, equatorianos, haitianos e chineses.
Organizações internacionais denunciam que muitos menores chegam aos postos fronteiriços do Panamá com feridas na pele, torções, picadas de insetos, doenças e desidratação.
O Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) "observa com preocupação o aumento de crianças e adolescentes desacompanhados que se deslocam pela América Latina e o Caribe", afirmou Anne-Claire Dufay, diretora regional da organização.
"Ao viajarem sozinhas, estão mais expostas à violência — incluindo violência sexual, abuso e exploração —, o que prejudica sua saúde física, mental e bem-estar", acrescentou.